Anos com terminação '2' são marcantes na história

O ano de 2012 vai quebrar um tabu no passado do Palestra São Bernardo. Todos os anos com terminações ‘2’ são marcantes para o clube. Momentos bons e ruins, mas que tiveram grande significado no contexto histórico. 1952, por exemplo, foi o ano em que o Alviverde saiu definitivamente do seu campo na rua Marechal Deodoro; uma das mais tristes passagens de todos os tempos. 

1942 - O Palestra abandona o sobrenome 'Itália' para se tornar apenas 'Palestra de São Bernardo', assim como ocorreu com Palmeiras e Cruzeiro devido a participação do Brasil na II Guerra Mundial e o Estado Novo imposto por Getúlio Vargas que proibia qualquer instituição nacional de fazer referência a outros países, principalmente aqueles que compunham o 'Eixo' (Alemanha, Itália e Japão).

1952 - Deixa definitivamente seu estádio na rua Marechal Deodoro no centro de São Bernardo para a construção da praça principal da cidade, a Lauro Gomes. Uma das fases mais sombrias do clube. A retirada turbulenta se iniciou em 1950 com a morte de Gumercindo Ferreira da Silva em frente ao campo.

1962 - Dez anos depois de sair de sua casa o Palestra se instala na então 'Vila' Ferrazópolis. Todos desacreditavam que a pirambeira cheia de mato poderia se tornar um campo. A inauguração seria em 1963.

1972 - Um dos anos mais gloriosos do PSB. Depois de quase duas décadas se reestruturando após a perda do seu estádio, o clube volta ao campeonato Amador de São Bernardo - cuja Liga ele ajudou a fundar - iniciando um período de glória. É campeão de forma invicta com um timaço que parava a cidade. Esse título simbolizou muito para o clube. Era o ressurgimento definitivo do grande Palestra.

1982 - Disposto a retornar ao futebol profissional, o Alviverde da AutoCap reestrutura a categorias de base. Já em 1980 o clube dava resultados e vencia os juvenis da Liga de São Bernardo. Em 82 e 83 o feito se repete e o Palestra é bicampeão.

1992 - O Palestra que voltara aos profissionais em 1986 com um grande esquadrão do Ferrazópolis mantém as categorias de base e vence o Paulista de Juniores 2º divisão. No time nada mais nada menos que 'Zé Roberto', volante com passagens por Portuguesa, seleção Brasileira, Santos, Bayer-ALE e Grêmio. O clube se licenciaria em 1993.

2002 - O time disputa o Paulista da 4º divisão e não faz feio. Por um ponto o clube não e classificou à fase final, que na época tinha sistema diferente do atual com apenas um grupo e 16 equipes no sistema de turno e returno. Rio Claro, Guaratinguetá, Linense e Lemense avançaram para a fase seguinte.

2012 - Terminamos o ano com um gosto amargo: O licenciamento do clube do profissionalismo e a paralisação completa do futebol em todas as divisões ou categorias, algo que ocorreu raríssimas vezes. No entanto, o futuro pode mudar isso e é o que torcemos que aconteça. A tristeza de agora – que inclusive motivou a criação do movimento ‘Palestra Sempre’ – pode ser o estopim de um novo tempo, uma renovação de ideias e a busca por dias melhores, que há de chegar. Temos fé!

A história nos ensina: Desistir, jamais!

O ano de 2012 está chegando ao fim. Nem de perto a data será lembrada com saudades pela maioria dos torcedores do Palestra. Em abril o clube anunciou que por razões financeiras estava se licenciando do campeonato Paulista. Inconformados e entristecidos os torcedores do clube se organizaram para fundar o movimento ‘Palestra São Bernardo Sempre’ com o intuito de reunir ideias, organizar projetos e a viabilidade de soluções que ajudem o glorioso Alviverde Batateiro.

Nas várias entrevistas que demos aos veículos regionais e outros de maior alcance enfatizamos nossa vontade e exigência: A existência de projetos que visem recolocar o clube em seu devido lugar. Não podemos ser guiados pelos ventos das consequências, temos que colher resultados do planejamento e do trabalho;

Ser impedido de assistir seu time em campo não é apenas um castigo cruel com os muitos torcedores do clube como também ao próprio Palestra. Nossa história, tradição, nossas glórias, tornam uma obrigação que a agremiação caminhe para a frente. A bandeira alviverde carrega consigo uma grande responsabilidade e por isso resolvemos arregaçar as mangas.

Através de nossas redes sociais tentamos resgatar o brilho empoeirado que muitos possuem pelo clube: jogadores, atletas, ex-dirigentes, filhos e netos daqueles que ajudaram a construir os pavimentos desses 77 anos. Nos dois encontros que promovemos elucidamos nossos objetivos com a intenção de arregimentar e ampliar nossa força em favor do Palestra.

Com dificuldades e dissonâncias, porém sem fugir do foco principal, definimos os três principais pilares do movimento: O futebol, a comunidade (Ferrazópolis) e a parte histórica do clube.

Ser um polo do esporte, pioneiros em outras modalidades como fomos por várias décadas muito nos envaidece. Apoiamos e incentivamos esse propósito atual da diretoria. Da mesma forma que compreendemos a necessidade de se colocar a casa em ordem, desde que isso seja parte integrante de um projeto macro.

A essência do clube, no entanto, é o futebol. Foi assim que ele foi concebido em 1935. Foi assim que ele se popularizou e ganhou adeptos. Quando não estivemos no profissional, fomos os melhores do Amador. Sabemos das dificuldades implícitas no futebol profissional. Seríamos levianos se não reconhecêssemos as várias condições adversas do campeonato que disputamos. Porém, temos plena certeza que somos capazes de muito mais. As raízes profundas fincadas na cidade, nossa suntuosa sede social, nossa vaga na Federação Paulista e outros fatores nos dão plena certeza disso.

Um clube é feito por pessoas, é o sentimento dela que determina a força e a velocidade com que podemos crescer. O Palestra tem uma vocação intrínseca em sua história de servir a comunidade, e foi assim que chegamos até aqui. Temos que espalhar esse sentimento e ele só vem com o retorno do hábito de fazer da nossa casa um ponto de encontro do bairro e da cidade, envolvê-los em nossos projetos, fazer que eles se sintam parte integrante do clube. Uma verdadeira família palestrina como sempre fomos. Se poucos podem fazer muito, muitos podem fazer muito mais.

Nosso passado é nosso principal troféu. Ultrapassar as barreiras e chegar aos 77 anos é sem dúvida nosso grande orgulho. Por isso é preciso preservá-lo. Valorizar os personagens e cuidar de todo acervo é uma obrigação dos palestrinos para que possamos mostrar às próximas gerações quem nos ajudou a estar aqui.

A ideia, por maior que fosse o tom da crítica, sempre foi ajudar no resgate do clube. Aliás, 'resgate' foi uma das palavras mais utilizadas nesse período. Supõe-se ‘resgate’ a partir do momento em que entendemos precisar de ajuda. Jamais houve vaidade ou personalismo da parte de ninguém. Não nos importa o nome ou sobrenome de quem está no comando, não importa sua altura, ou cor dos olhos. Podemos seguir por estradas diferentes, mas o destino é o mesmo: O melhor para o Palestra São Bernardo.

Em 2013 vamos sair da parte teórica, vamos arregaçar literalmente as mangas para trabalhar e ajudar a mudar essa realidade. Contamos e necessitamos do apoio de todos os palestrinos. O clube que nos deu tantas alegrias, que nos deu tantos amigos, que tanto representou esta cidade, que nos fez chorar, sorrir e até brigar agora precisa do nosso auxílio.

Se você é palestrino e tem qualquer carinho pela nossa agremiação não deixe de participar desse movimento, junte-se a nós! E que 2013 nos dê muitas alegrias, seja no campo ou no prazer de dizer que estamos no caminho certo. A história nos ensina: não podemos desistir!

Leandro Giudici - Movimento 'Palestra Sempre'