Palestra no Baetão. Iran, Rodrigo Pablo, Gustavo, Willian, Luan, Jérinha, Júnior Urso e outros. A equipe de 2009 foi uma das melhores da nossa história |
O dia 08 de novembro de 2009, cinco anos atrás, foi o último grande momento do Palestra de São Bernardo no futebol desde 1997. Uma data recente, mas já grafada na história como um dos maiores de nossa trajetória.
O Palestra de 2009 é um ponto fora da curva em nossa
atualidade, um conjunto de acertos que, embora não tenha resultado no sonhado
acesso, devolveu o orgulho ao torcedor e o brilho à história bonita e
respeitosa do clube no cenário futebolístico.
Os anos
anteriores
Para recontar o episódio, vamos voltar a 2005 e entender os
fatos iniciais dessa história. No início daquele ano, frustrado pela péssima
campanha no ano anterior, embora tivesse tido uma ótima primeira fase, os
planos eram renovar o Palestra; dar um novo oxigênio a agremiação que já há
bastante tempo arrastava poucas testemunhas ao estádio da Vila Euclides; apenas
pais de atletas e alguns poucos curiosos admiradores.
Nascia o ‘PSB’, as iniciais de Palestra São Bernardo. Estatutariamente,
o mesmo clube, mas escondido atrás de outras cores, símbolo, mascote hino e
uniforme. Uma jogada de marketing que visava aproximar torcedores e ampliar –
ou criar, como queiram – uma relação com a administração municipal, algo que
quase não existia. Coincidência ou não - é difícil acreditar que não -, a
cidade era administrada por um prefeito do partido PSB (Partido Socialista
Brasileiro).
A jogada surtiu efeito. O primeiro jogo do PSB na Copa São
Paulo de Futebol Juniores levou ao estádio da Vila Euclides mais de 5 mil
pessoas. Nesse mesmo período, porém, nascia o São Bernardo Futebol Clube LTDA,
mas essa já é outra história que devemos retratá-la em 2015.
Resumindo: mesmo com a empolgação pela nova era do clube, a primeira
fase foi muito boa, mas repetiu a campanha de 2004 e o clube terminou eliminado
na segunda fase. A brincadeira de fazer um futebol competitivo custou cara. A
administração municipal logo virou as costas ao PSB e abraçou a recém-criada ‘empresa’.
Em 2006, o Palestra,
ou o PSB, entregou o departamento de futebol a três sócios que encararam o
desafio de tocar o time. Otto Giorgio, Marcelo Muoio e Milene Castilho. Poucos
apostavam que o Palestra conseguiria pisar nos gramados novamente, mas pisou, e
foi no estádio Espanha, em Santos. O mesmo dia em que nasceu a torcida ‘Loucos
do Palestra’, uma outra história a ser contada em breve também.
A equipe não era ruim, ao contrário, tinha a cara do
Palestra. Um time com garra, guerreiro, brigador, mas que acabou eliminado
ainda na primeira fase.
Para 2007, já voltando a vestir camisa verde, muitos
permaneceram acreditando no projeto dos bem intencionados sócios. Foi firmada
uma parceria com o tradicional Clube Mesc, com o objetivo de aproveitar
atletas. Mas, o ano foi bem pior que o anterior. Desde o começo, a equipe
demonstrou que faria feio na competição. Tomou várias goleadas e acabou
vencendo uma única partida diante do Guarujá. Uma escalação irregular tirou
seis pontos do time. A desesperança tomou conta do torcedor.
O
licenciamento
Em 2008, a interrupção de 10 anos seguidos no
profissionalismo. O futebol voltou para as mãos da diretoria, mas, a equipe
pediria licença para reorganizar a casa. O discurso do presidente Fábio
Cassettari foi claro: ‘Não é um Adeus, apenas um até logo’. O afastamento foi
doloroso, mas havia a promessa de retorno. E houve.
Ainda em 2008, haviam eleições municipais, uma das mais disputadas dos últimos tempos em São Bernardo do Campo. Três na disputa. Orlando Morando, com apoio do atual prefeito Willian Dib, Alex Manente, da chamada terceira via e Luiz Marinho, da oposição. Uma eleição acirrada, com muito ataque, debates acalorados e que culminou na vitória do petista.
O presidente Fábio Cassettari foi atrás de parcerias para
reativar o futebol. Por muito pouco esteve fechado com um grupo forte de
academias na cidade, mas, ao procurar o presidente do Santo André, Ronan Maria
Pinto, também acionista de um grande jornal da região, para o empréstimo de
alguns atletas, recebeu uma proposta melhor: emprestar toda a equipe do
Ramalhão para o Palestra para disputar a quarta divisão. O Santo André estava
em uma fase muito boa. Em 2004 havia vencido a Copa São Paulo de Juniores e a
Copa do Brasil no Maracanã. Desde então vivia uma boa fase, chegando inclusive
à Série A do Brasileiro no mesmo ano.
Os
preparativos para o retorno: Política e Futebol
O acordo foi fechado e anunciado em um evento na sede do
clube no Ferrazópolis com a presença maciça da imprensa regional, de ex-atletas
do clube, o Secretário de Esportes, José Luiz Ferrarezi, os dois presidentes,
Cassettari e Ronan e uma homenagem à viúva do recém-falecido herói palestrino,
Theobaldo Coppini. A parceria funcionaria da seguinte maneira: se o Palestra
alcançasse o acesso, a mesma seria renovada automaticamente. Caso contrário,
ela voltaria a ser discutida com grandes chances de um acerto.
Sérgio Gianelli, Cyro Cassettari e outros veteranos homenagearam Theobaldo Coppini durante anúncio da parceria |
O Santo André tinha um elenco em mãos de altíssimo nível, chegou
a criar uma equipe B, mas viu mais vantagem em apoiar um clube já existente,
cuja logística fosse fácil por Santo André e São Bernardo serem próximas, com
uma torcida e uma história, o que daria visibilidade e ajudaria na questão do
marketing. Mas o acordo não se resumia a isso. Na sequência você vai entender o
porquê de termos citado as eleições municipais.
Cabia ao Alviverde ceder a estrutura e o uniforme, enquanto
ao Santo André caberia a parte mais difícil, os salários e todas as demais
despesas. O Palestra alugou no Riacho Grande às margens da represa Billings uma
enorme e confortável chácara como centro de treinamento. A única desvantagem do
local era o frio intenso, já que a Série B é disputada ao longo dos meses frios
do ano. Falando em Série B, aquela edição prometia ser uma das mais acirradas,
pois contava com equipes como Red Bull, Desportivo Brasil e outras tradicionais
em boa fase, como o Barretos, por exemplo.
Voltando ao assuntos das eleições municipais, embora o
discurso fosse o da ‘grande vantagem’ de se investir no futebol do Palestra,
haviam outras intenções do presidente Ronan Maria Pinto em firmar a parceria, e
nessa história o Alviverde fez somente o papel de coadjuvante, foi usado apenas
como manobra, sem se tornar vilão e tendo uma gigantesca vantagem de contar com
um elenco de qualidade e totalmente pago.
Parceria selada durante solenidade na sede do clube |
Ronan era proprietário de um dos maiores jornais da região e já alguns meses havia mirado suas metralhadoras para o então candidato a prefeito Luiz Marinho, que começava a crescer nas pesquisas, tornando-se um dos grandes inimigos da campanha petista. A paz entre ambos só viria muito tempo depois de Luiz Marinho vencer as eleições e assumir.
Logo ao Marinho assumir, muitos esperavam que o Palestra
seria a bola da vez, já que o então presidente e fundador do São Bernardo FC,
Edinho Montemor era candidato a vice na chapa de Orlando Morando, seu concorrente
e já que o presidente do Palestra, também presidente do PRB (Partido da República
Brasileiro) era aliado de Marinho. Mas não. Para não deixar que o recém criado
clube naufragasse sem o apoio irrestrito da administração, Edinho passou a
presidência da equipe ao empresário, aliado do do PT, Luiz Fernando Teixeira.
Os detalhes dessas negociações nós não sabemos e nem fazemos questão de sabê-los.
A história aqui é sobre o Alviverde Batateiro.
O clima entre Palestra e a nova administração - que chegou a fazer sua convenção na sede do clube - mais uma vez, para não contrariar a
história, tornou-se de certa forma tenso. Só não mais tenso, porque o
secretário Ferrarezi, ex-jogador palestrino, era velho conhecido de Cassettari.
E começaram os preparativos para a competição. O Palestra
treinava em seu centro de treinamento sob forte ansiedade e expectativa da
imprensa e da torcida. Vários atletas eram tidos como grandes revelações na
oportunidade.
O
uniforme azul
Outro assunto que a imprensa abordava e questionava, inclusive
se estendendo a torcida era a cor do uniforme palestrino, que teria um terceiro
uniforme azul. Em todo lugar, era dito que o Palestra estava fazendo uma
homenagem ao seu parceiro.
Mas não. A verdade é que neste episódio o Palestra foi muito
esperto e juntou a fome com a vontade de comer. O autor deste texto, na época
assessor de imprensa da equipe, testemunhou e participou pessoalmente no ano
anterior junto ao presidente, Fabio Cassettari, da decisão de tornar o PSB
novamente o bom e velho Palestra, inclusive retornando ao seu símbolo anterior.
A camisa verde já havia retornado em 2007. E nesta mesma ocasião, Cassettari
revelou o desejo de ter um terceiro uniforme com a cor azul e branco, na
intenção de se homenagear a seleção italiana, a Azurra.
Se é que o uniforme azul foi uma exigência do presidente
andreense, veio a calhar no momento certo a homenagem, que, aliás, foi o
discurso oficial para a imprensa, e o que rendeu bastante mídia naquele
momento. Até mesmo sites voltados para os assuntos da colônia italiana
retrataram o fato.
Uniforme azul criou polêmica |
Saiu a tabela da competição. O Palestra retornaria oficialmente aos gramados em um domingo pela manha, dia 09 de abril diante do São Vicente fora de casa. Antes, faria um amistoso contra a Seleção de São Bernardo no Baetão, a partir de então, a nova casa palestrina.
A Vila Euclides deixaria de ser a sede dos jogos, pois a prioridade seria o São Bernardo FC. O que não era tão ruim assim. O Baetão era mais acanhado, mas no entanto, muito mais fácil de se fazer pressão nos adversários. Pesava contra, o gramado sintético, uma reclamação constante do então técnico Sandro Gaúcho.
No amistoso, em uma noite fria e quase vazia no estádio
sambernardense a torcida ‘Loucos do Palestra’ demonstrou sua alegria e
disposição em rever a equipe gritando o coro ‘O Palestra voltou!’. Saudou e foi
saudada pelos atletas.
Começa
o campeonato
Como quase tudo é difícil para o Alviverde, uma semana antes
da partida, a Federação Paulista de Futebol interditou o estádio Mansueto
Pierotti, local da primeira partida junto a vários outros. O jogo seria com
portões fechados, o que chateou aos espectadores que se preparavam para ir à
baixada ver o primeiro jogo.
Mas, quem disse que palestrino se abatem fácil?
Este episódio merecia estar em um artigo sobre a torcida ‘Loucos do Palestra’,
que em 2006 completa 10 anos, mas vale aqui dedicar um parágrafo para o tal.
A torcida não perderia aquele momento tão esperado, e
prometeu que viajaria mesmo que fosse para saudar o time na entrada e na saída
do estádio. Faltava transporte aos fieis torcedores, e o técnico Sandro Gaúcho
não gostava da idéia de torcedores e atletas viajarem juntos. No dia do jogo,
cada um foi do jeito que podia. Alguns de carona, outros de ônibus turismo,
enfim.
"Alguns pegaram carona com a diretoria, um Ford Ka desceu a serra lotado. Faltavam dois,e não tinha onde encaixar, então eu lembrei que meu patrão iria passar o fim de semana justamente em São Vicente. Liguei pra ele e ele estava saindo de casa naquele momento. Deu certinho! Na volta, o carro voltou com seis pessoas, não sobrou lugar e nem dinheiro, então fui até a Praia Grande para a residência de um parente", relembra o torcedor Leandro Giudici.
Ao chegar ao local do jogo, a persistência foi premiada, o estádio havia sido liberado e todos assistiram a partida do lado de dentro. Vitória por 3x0.
"Alguns pegaram carona com a diretoria, um Ford Ka desceu a serra lotado. Faltavam dois,e não tinha onde encaixar, então eu lembrei que meu patrão iria passar o fim de semana justamente em São Vicente. Liguei pra ele e ele estava saindo de casa naquele momento. Deu certinho! Na volta, o carro voltou com seis pessoas, não sobrou lugar e nem dinheiro, então fui até a Praia Grande para a residência de um parente", relembra o torcedor Leandro Giudici.
Ao chegar ao local do jogo, a persistência foi premiada, o estádio havia sido liberado e todos assistiram a partida do lado de dentro. Vitória por 3x0.
O jogo era de portões fechados, mas ao chegar em São Vicente, eles estavam abertos |
Um time que não ganhava em casa
Mas, prazeroso mesmo seria rever o time em casa. Na estreia,
em uma sexta-feira a noite, diante do Jabaquara, a emoção tomou conta de quem
revia o Palestra pisar nos gramados. As arquibancadas estavam cheias, inclusive
de ex-atletas, toda a imprensa regional cobria a partida. O hino palestrino
tocava no sistema de som. Quem deu o pontapé inicial foi ‘Santista’, um
lendário ex-jogador do clube na década de 40, com mais de 90 anos. Ele ganhou
uma camisa de presente. Uma cena linda de se ver, passado e presente juntos.
Mas, embora o jogo fosse muito disputado, o Palestra sairia
derrotado em seu primeiro desafio, 3x2 para a equipe de Santos. Ficou o sabor
amargo na boca dos palestrinos, mas todos sabiam que o time era capaz de muito
mais. A arbitragem também não foi das mais felizes.
Palestra x Jabaquara: Pedro, Rodrigo Pablo, Iran, Gustavo, Jerinha e Willian. Agachados: Lucas Silva, Ricard, Júnior Urso, Leandro, Luan e o veterano homenageado Santista |
A segunda partida também era em casa, um clássico do ABC diante do Mauaense no sábado a tarde. Ótima chance de vencer, porém, nova derrota, dessa vez por 1x0. O jogo foi muito acirrado e novamente sobrou polêmica com relação a arbitragem. O Gremio, semelhante ao Palestra tinha uma parceria com outro clube da região, o São Bernardo FC, o que dava um tempero a mais na disputa.
O terceiro desafio era o sempre difícil Taboão da Serra no
estádio Vereador José Feres, lugar onde raramente o Palestra vence ou empata.
O empate em 1x1 não foi um mal resultado, embora o Taboão viesse a ser um dos
piores times do campeonato.
A campanha palestrina começava a preocupar, quando foi a vez
de encarar o sempre freguês Barcelona de Ibiúna. O estádio estava vetado e a
Federação escolheu o Ulrico Mursa, na Baixada Santista para sediar o jogo. Mais
fácil para o Palestra. E a vitória veio novamente na casa dos três gols, 3x1.
Vitória na Baixada. Ulrico Mursa presenciou duas vitórias palestrinas |
Resgatada a confiança, foi a vez de encarar o Guarulhos no Baetão. O Palestra só empatou em 2x2.
A polêmica se concentrou no gramado pequeno e sintético do Baetão,
lá o time não vencia de jeito nenhum. O primeiro turno tinha quatro jogos em
casa e até o momento nenhuma vitória. Iniciava o returno e o Alviverde
Batateiro voltava a encarar o São Vicente, ótima oportunidade, mas os dois
ficaram no empate, 1x1.
O segundo turno tinha apenas dois jogos como mandante, o que
na prática poderia ser ótimo para quem estava 100% fora de casa. De volta ao
Ulrico Mursa em Santos para encarar o Jabuca e, uma vitória por 1x0.
No Pedro Benedetti, em Mauá, a chance de revidar a derrota
no clássico. O Palestra era o clube a ser batido na competição e a vitória do
primeiro turno custou muito sarro aos palestrinos. E o Alviverde fez sua parte,
aplicou um 4x0 no Mauaense para delírio da pequena torcida presente.
O Palestra não foi nada gentil com o Mauaense e venceu por 4x1 na casa dos rivais |
Uma pausa para lembrar um fato marcante. Este que escreve, recebeu o técnico Sandro Gaúcho, na oportunidade em seu programa de rádio na extinta rádio web Vozes da Cidade e recebeu a reclamação de torcedores (como ele, claro) que participavam ao vivo de que a equipe dava pouca importância à torcida. A partir dali, a equipe passou a saudar sempre e criar uma relação afetiva com seus torcedores.
Estava difícil jogar no Baetão. A tal vitória em casa não vinha.
Ai surgiu a ideia de se atuar no estádio Bruno José Daniel, em Santo André. Se
a experiência desse certo, lá poderia ser a casa do Palestra, até porque a maioria
dos atletas estava acostumado com o gramado. E... A primeira derrota ‘em casa’,
diante do Taboão da Serra.
Vamos voltar a São Bernardo. Lá, mesmo que a gente perca, é
nossa casa, foi o pensamento. Veio o Barcelona e... a primeira vitória em casa!
Para tirar toda chamada ‘zica’. Vitória massacrante de 5x1. Que alívio!
Último jogo da primeira fase, e o Palestra já estava
garantido na segunda fase. A partida foi no estádio Antonio Soares de Oliveira,
vitória por 4x2.
O Palestra se classificou em primeiro com 21 pontos; seguido
de Jabuca, também 21, mas com saldo inferior; Mauaense, 17; Guarulhos, 15; Taboão,
13; Barcelona, 9 e São Vicente com 5.
2º fase
– Líder como nunca
Começavam as grandes viagens, e se na primeira fase a torcida
acompanhou em todos os cantos, é claro que nesta não poderia abandonar. O
primeiro jogo era contra o Palmeirinha, de Porto Ferreira. Mais de 300km de
viagem. E lá foi a torcida para ver uma vitória por 4x0.
O Barretos veio ao Baetão. E o Palestra, que já havia
aprendido a jogar em casa venceu por 1x0.
Na sequência, mais um jogo difícil: a Santacruzense no estádio Leonidas Camarinha, vitória por 2x0.
No returno, para resumir, o Palestra empatou em 0x0 com a
Santacruzense no Baetão, perdeu para o Barretos no estádio Fortaleza por 2x0 e
terminou a segunda fase vencendo novamente o Palmeirinha por 4x1 em casa. Festa
palestrina. A equipe terminou novamente líder com 13 pontos, seguida de Santacruzense,
7; Barretos, 6 e Palmeirinha, 3.
Palestra x Guarulhos: Alviverde Batateiro foi 100% fora de casa |
3º fase – Tropeço que custa caro
Começavam as grandes pedreiras. Agora não era mais possível
bobear. O Alviverde começou bem, vencendo o Atlético de Mogi, no Francisco Ribeiro
Nogueira por 2x0.
Ai veio o Desportivo Brasil, a primeira e grande ‘encrenca’
da competição, e o Palestra empatou em 2x2 em um jogo disputadíssimo, decidido
nos últimos minutos de jogo.
Atlético Araçatuba no estádio Adhemar de Barros, outra
grande pedreira. E o Palestra conseguiu um ótimo empate em 2x2. Gols de Rodrigo Pablo e Jerinha. Aliás,
Jerinha tornou-se um dos preferidos da torcida. Toda vez que o atacante marcava
um tento ouvia “Uh, terror, Jerinha é matador!”
No Baetão, contra o mesmo Atlético Araçatuba, vitória por
3x0.
Nas duas últimas partidas rumo a fase de acesso, duas
vaciladas. Uma delas perdoável, diante do Desportivo Brasil fora, 2x1. E a
última, custaria caríssimo ao clube, um simples empate contra o fraquíssimo
Atlético de Mogi em 2x2. O time mogiano chegou a abrir dois gols de vantagem,
mas Kadu (duas vezes) livrou o Alviverde de um vexame ainda maior. Este
resultado colocava o Palestra no Grupo mais difícil do campeonato. Teria sido
esse o jogo chave que nos valeu o acesso.
Diferente das outras duas fases, o Palestra foi o terceiro classificado
com nove pontos. O Desportivo foi o líder com 13, enquanto Atl. Araçatuba ficou
com 09 e Atlético de Mogi com apenas 01.
A
última fase. O sonho próximo
Chegada a última fase e os sentimentos se dividiam. Muitos
otimistas, outros preocupados pelo grupo difícil em que o Palestra havia caído.
A vacilada diante do Mogi em pleno Baetão com o jogo nas mãos foi sentido por
todo mundo.
A 4º fase era composta por Red Bull, o melhor de toda
competição, o tradicional Taubaté, Desportivo Brasil e Palestra no Grupo 16. No
17 estavam: Atlético Araçatuba, Lemense, Santacruzense e Paulínia.
Infinitamente mais fácil. Mas, bola pra frente, quem quer ser subir tem que
encarar qualquer desafio.
Na primeira partida da fase derradeira, um jogo muito tenso
no estádio Baetão contra o Taubaté. A torcida interiorana que veio em massa
chegou atrasada, era uma sexta-feira de transito infernal em São Bernardo do
Campo. 0x0.
O Palestra ruma para as finais. Confiança a mil! |
Ai veio o maior desafio, tecnicamente falando, do campeonato. O Red Bull fora de casa. O jogo foi no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, onde a equipe mandava seus jogos. E o Palestra, demonstrando todo seu preparo, evolução, e vontade de conquistar aquele acesso, protagonizou o melhor jogo de todo o campeonato. Quase uma final antecipada.
Vestindo azul, o Palestra abriu o placar com Jerinha. O Red
Bull empatou o jogo com Cezar. Júnior do Alviverde abriu nova diferença e
Jéfferson igualou novamente. Na segunda etapa, Thiago Carvalho fez 3x2 Palestra.
Que jogo! Eydison, do adversário fez dois na sequência e virou, 4x3 Red Bull.
Mas, Richard não deixou por menos e mostrou que os sambernardenses não estavam
para brincadeira no campeonato.
O time saiu vitaminado e confiante dessa partida contra o
Red Bull, mas novamente contra o Desportivo Brasil uma grande partida, empate
em 1x1. Gol de Jerinha a dois minutos do fim do jogo. Uma vibração gigante da
torcida.
No Julien Folque, porém vitória do Desportivo por 3x0.
Começava a ficar difícil para o Palestra que só havia somado três pontos.
Faltavam dois jogos apenas contra Red Bull em casa e Taubaté fora de casa.
Jogo diante do Desportivo Brasil, um dos mais difíceis ao longo da competição |
Na última partida do campeonato no Baetão, todos sabiam que
seria páreo duro encarar novamente o maior adversário até então. Estávamos
muito próximos do sonho do acesso. Um jogo duríssimo e vencemos, mas, do jeito
mais palestrino possível. No sufoco, e que sufoco! O resultado foi o mínimo,
1x0. Gol de Thiago aos 45 minutos do 2º tempo. O que mantinha o Palestra vivo
na briga. No vestiário, os jogadores cantavam as músicas das arquibancadas, a mais comum delas era... 'O Palestra vai sair campeão, o Palestra vai sair campeão. Contra tudo e contra todos sempre estará, no meu coração!'
Os outros jogos da penúltima partida deixaram o campeonato
em aberto. Todos tinham chance de subir. Faltava agora o Taubaté fora de casa.
Os resultados da rodada foram os seguintes:
Santacruzense 2x2 Paulínia; Desportivo Brasil 0x2 Taubaté e
Atlético Araçatuba 3x0 Lemense.
Palestra x Red Bull: Gol no finzinho de Thiago. Do jeito que o palestrino gosta! |
A
batalha final: o dia fatídico em Taubaté
Mesmo com menos chance, ninguém duvidava da força do ‘Burro
da Central’. Uma equipe tradicional e que não mediria esforços para voltar à
Série A3, da qual eles haviam caído no ano anterior. O Taubaté sempre foi um
time do segundo ou no máximo terceiro escalão no futebol paulista. Isso sem
falar em sua torcida.
A semana foi de muito treino, concentração e muita conversa
do técnico Sandro Gaúcho com os atletas. Todos eram boas promessas e sabiam que
precisavam daquela conquista em seus currículos. A imprensa do ABC noticiou em
peso a semana do clube antes da disputa no interior.
Por outro lado, embora tivesse vacilado algumas vezes a
partir da terceira fase, o Palestra também era muito respeitado. Todos sabiam
da força do clube, principalmente ao longo da competição. Para os taubateanos o
duelo que aconteceria na manha do domingo de 08 de novembro era uma peleja
dificílima.
Um dos diretores do Palestra, Wanderley Salatiel, um dos
grandes parceiros do clube na oportunidade, providenciou um ônibus para a
torcida. Nessa época haviam duas torcidas organizadas: a ‘Loucos do Palestra, e
outra montada ao longo da competição, a ‘Corujão do Palestra’, que teve vida
muito breve, fato que aqui não vem ao caso.
Cerca 15 torcedores do Palestra compareceram. Ao longo da
semana, todos que frequentavam assiduamente, ou esporadicamente foram
convocados para a viagem. Enganam-se aqueles que pensam que esse número pequeno
significava pouco. O amor que vertia daquela turma era algo verdadeiro, fiel,
apaixonado, muito reconhecido pelo elenco. Ao longo de todo campeonato, time e
torcida, que no início não se identificavam – até por não serem da cidade – passaram
a ter muito respeito e admiração. Foram várias as vezes em que os jogadores
antes e após as partidas cantaram s músicas entoadas nas arquibancadas. Também
não foram poucas as vezes em que eles subiram no alambrado para abraçar aqueles
loucos.
O zagueiro Rodrigo Pablo relembra como era aquela relação. “Foi
uma pena não ter conseguido aquele acesso... era um time muito
bom que foi adquirindo confiança no decorrer do campeonato e acabou sendo difícil
de ser batido. Mas, infelizmente não conseguimos o acesso. A torcida não era
tão grande, mas era uma torcida fiel que sempre apoiava, estava sempre junto. Foi
uma experiência muito boa que passei”.
O torcedor Fellipe Gardinal, um dos mais fanáticos
torcedores do Palestra lembra que nunca na vida o Palestra deu tanta alegria e
confiança. "Eu estava morando na Irlanda quando eu soube
que o Palestra iria voltar, em 2009 e escutava os jogos pela STI Esporte. Eu
saia mais cedo do trabalho para acompanhar. No final da primeira fase, voltei
ao Brasil e comecei acompanhar pessoalmente, no estádio. Foi um ano memorável,
tanto dentro de campo, quanto fora dele, com a torcida acompanhando o time
dentro e fora de São Bernardo", conta.
Desde 2008, quando o Palestra estava licenciado, Fellipe
havia ido morar na Irlanda, onde ficou até o início do ano, quando já havia
começado a competição. O fato do clube ter voltado aos gramados pesou e muito
em sua decisão de retornar ao Brasil.
Ao longo da viagem, muito otimismo. Pandeiro, bumbo, faixas,
alegria. Era o dia mais feliz de toda a vida de alguns, inclusive desse que vos
fala. Todos uniformizados e muita expectativa.
Já no estádio Joaquim Moraes Filho, o ‘Joaquinzão’, uma
longa espera do lado de fora. Vários taubateanos foram receptíveis com a
torcida, poucos hostilizaram. Alguns pais de jogadores também se juntaram á
torcida no portão.
Dedicação dos palestrinos seria reconhecida até mesmo pelos taubateanos |
Lá dentro, em um canto do estádio próximo das cabines de imprensa, do lado contrário da grande massa de 5 mil pessoas presentes aquele dia, panos pendurados, faixa posicionada, bandeiras e disposição. Uma das maiores lotações do estádio. Era um dia histórico também para eles. Para conquistarem o acesso precisavam vencer por três gols de diferença e torcerem pelo resultado de Red Bull e Desportivo Brasil, que jogavam no mesmo instante. Vitória simples do Alviverde já o levava ao acesso.
O Palestra atuou com: Willian, Iran, Gustavo e Rodrigo
Pablo; Luan, Pedro, Júnior e Thiago Carvalho; Jéferson, Edson e Murilo. Os
reservas: Alberto, Cássio, Aloísio, Lucas, Júnior, Leandro Carvalho e Kadu.
Quando o Palestra pisou no gramado todo de verde, emoção.
Todos cumprimentaram a torcida.
O auxiliar de preparação física, o jovem Kaue Berbel, lembra que Sandro conversou muito com os atletas naquele dia, citando inclusive a torcida como motivação. “Os jogadores sabiam que aquele era momento importante , que o acesso faria com que eles entrassem para a história do clube. Um dia antes o professor Sandro fez uma palestra muito boa mostrando todos momentos do time na competição e o quanto todos ralaram pra chegar até aquele dia. Isso mexeu com os jogadores que não viam a hora do jogo começar...”, lembra.
O auxiliar de preparação física, o jovem Kaue Berbel, lembra que Sandro conversou muito com os atletas naquele dia, citando inclusive a torcida como motivação. “Os jogadores sabiam que aquele era momento importante , que o acesso faria com que eles entrassem para a história do clube. Um dia antes o professor Sandro fez uma palestra muito boa mostrando todos momentos do time na competição e o quanto todos ralaram pra chegar até aquele dia. Isso mexeu com os jogadores que não viam a hora do jogo começar...”, lembra.
O jogo começou equilibrado, a arbitragem era de Marcelo
Rogério. O Taubaté tentava alguns lances, sem sucesso. Aos 14 minutos, o que
todos temiam, os erros da arbitragem. Se alguém tivesse que ser privilegiado
aquele dia, é claro que seria o Burro, mais tradicional, que jogava em casa e
era o time do coração do vice-presidente da Federação Paulista, Reinaldo
Carneiro de Bastos.
Pênalti marcado para o Taubaté. O lance não era para tal. O
jogador palestrino mal havia encostado no atleta, mas, paciência. Eles não
contavam que o herói daquele dia seria o goleiro Willian de Meneses, uma das
principais revelações da equipe.
Jogadores do Palestra reclamam marcação do penalti |
Willian foi um dos grandes nomes daquela partida |
Chute no meio do gol de Wilsinho, e Willian defendeu a bola
com os pés. Inacreditável! Delírio absoluto dos palestrinos. Parecia que era
mesmo o dia tão sonhado.
O Palestra cresceu no jogo e o Taubaté se encolheu. Várias
jogadas de efeito e lançadas na área levaram perigo aos donos da casa. Tudo que
chegava aos pés de Willian no gol era prontamente interceptado.
Aos 33 minutos o gol palestrino. Momento mágico. Pio pegou
um rebote de fora da área e mandou pro fundo das redes. 1x0 Palestra. Alguns
chegaram a chorar. Mas era cedo, ainda havia muito jogo pela frente. Como o Red
Bull vencia o Desportivo Brasil por 2x1, seria necessário que o Taubaté fizesse
três gols.
No segundo tempo, o Burro da Central desceu ao ataque. Aos
cinco minutos anotou seu primeiro gol. Gilsinho empatou, 1x1. O jogo ficou
quente. O Taubaté atacava e era respondido com bons contra ataques, porém do
lado verde e branco as finalizações foram ficando difíceis. O resultado não
servia a nenhum dos dois. Ambos morreriam abraçados.
Aos 44 minutos, em outro lance bastante duvidoso, o juiz marcou novo pênalti para a equipe. Thiago Furtuoso anotou. A
lavoura palestrina parecia ter sido perdida. Muita frustração tomou conta da
torcida. Mas tinha como piorar.
Torcedor agita bandeira na arquibancada do Joaquinzão |
Após o gol, um torcedor do Taubaté atirou um rojão ao lado do banco do palestrinos, que já muito nervosos pela partida e revoltados com a arbitragem passaram a discutir com torcedores atrás do banco de reservas e devolver os objetos atirados em campo. Ai a confusão só podia aumentar.
O juiz paralisou o jogo para acalmar os ânimos e alguns
jogadores taubateanos interviram. O juiz deu oito minutos de acréscimo, o que
era terrível ao Palestra. O time estava exausto, cansado. Foi difícil barrar o
Taubaté durante todo o jogo.
Aos 54 minutos o pesadelo se materializou. O mesmo Gilsinho,
após uma bola alçada na área, fez 3x1. O resultado punha o Taubaté na A3. O
sonho palestrino definitivamente se evaporava.
No reinício, mais confusão. Os palestrinos partiram para
cima dos atletas da casa e o árbitro expulsou quatro de cada lado. Quando o
árbitro apitou o fim do jogo a torcida efusiva invadiu o gramado para festejar
com jogadores.
O Palestra precisou sair para o jogo, mas já não tinha pernas e fôlego o suficiente |
Porém, entre os vários que queriam confusão, um deles
invadiu o gramado com uma bandeira presa a um bambu e tentou agredir os
palestrinos. O auxiliar Kaue Berbel, tomou a bandeira da mão do indivíduo que
revidou com bambuzadas. O técnico Sandro Gaúcho, então, entrou em ação e
protagonizou uma das cenas mais (hoje) engraçadas da oportunidade. Deu um
‘sossega leão’ no rapaz. A cena rodou o Brasil nos principais telejornais.
Fim de jogo e os torcedores fizeram um bonito círculo no
centro do gramado. Fora os erros da arbitragem, o clube mereceu o acesso pela
linda festa da maioria de sua torcida. A tristeza do lado Alviverde parecia
infinita.
Um curioso que assistia ao jogo do lado do Palestra sugeriu:
- Essa confusão vai se estender para a arquibancada, vamos embora logo! Mas,
seu pedido foi imediatamente negado pela maioria. Os palestrinos ficariam no
estádio até o último momento. ‘Nem que tivessem que sair de lá em uma maca’,
foi o que disse esse escritor.
Os atletas que com toda confusão já haviam se dirigido aos
vestiários, no entanto, retornaram para saudar a torcida. Um reconhecimento
muito merecido. Vários deles deram a suas camisas, que, claro, estão muito bem
guardadas como relíquias até hoje.
Na última entrevista de Sandro Gaúcho como técnico do
Palestra, ainda saindo dos vestiários, ao programa Lente Esportiva da Net
Cidade, ele agradeceu a todos e em especial a torcida.
Antes ainda da Polícia Militar, que havia sido muito
prestativa e atenciosa, alguns torcedores do Taubaté, do lado
de dentro do gramado vieram até a torcida palestrina nos cumprimentar e
parabenizar pela bonita festa. Pediram para que trocassem as camisas das
torcidas, que claro, também são guardadas com carinho.
No meio
do caos, a amizade
Essa amizade entre torcedores de Palestra e Taubaté,
inclusive se estendeu. Quem diria, mas após aquele episódio tão marcante para
ambos, marcado naquele momento, principalmente pela confusão virou uma amizade.
O torcedor Luiz Felipe Nascimento, jornalista, torcedor
taubateano, lembra do episódio. “Brinco que o acesso sobre o Palestra foi maior jogo da história do
mundo. O Taubaté estava no fundo poço, com remotas chances de ascender e
conseguiu o feito aos 54 minutos do segundo tempo. A amizade e o companheirismo
pré e pós-jogo da torcida do Palestra foi algo que marcou e tornou aquele dia
ainda mais especial. Isso tudo fez o Palestra ser um time muito querido aqui em
Taubaté. Desejamos que voltem logo à ativa", deseja.
A data do dia 08 de novembro é até hoje lembrado pelos torcedores do 'Burro'. O livro do centenário destacou inclusive a partida. Segundo Luiz, um colega de arquibancada chegou até a marcar a data do casamento para o dia 08/11/14, e claro que não é mera coincidência.
A data do dia 08 de novembro é até hoje lembrado pelos torcedores do 'Burro'. O livro do centenário destacou inclusive a partida. Segundo Luiz, um colega de arquibancada chegou até a marcar a data do casamento para o dia 08/11/14, e claro que não é mera coincidência.
Fellipe Gardinal conta que a derrota lhe fez aprender a amar ainda mais o Palestra. "Eram 5 mil taubateanos no
estádio e nós, em pouco mais de 20 pessoas, cantando sem parar. Com isso,
ganhamos respeito pelos jogadores e até de torcedores adversários, pelo nosso
estilo, empenho em torcer e acompanhar o time. Perder aquela promoção para a
série A3 foi dolorido, mas também, muito importante para a torcida. Muitos ali
descobriram que amar o Palestra é um sentimento que poucos sabem como é. Vai
além de resultados ou títulos. É algo, pelo menos para mim, como amar sua
família, ser devoto de uma religião. A amizade entre nós, adeptos ao
‘palestrianismo’, é algo que perdura até hoje, mesmo com o clube licenciado há
três anos. O Palestra faz parte da minha vida e não há um sentimento maior do
que eu sinto por este grande clube", relata.
O herói do dia para os taubateanos, Gilsinho, sendo carregado por torcedor com a camisa do Palestra (Rogério Marques) |
“Abracei o amigo Fellipe na arquibancada, ele estava
desolado. Sempre fui pessimista, por isso me acostumei um pouco mais fácil com
a derrota. No caminho do portão, a torcida encontrou com o presidente Fabio
Cassettari, ele chorava copiosamente. Naquele momento fomos grandes irmãos que acabam
de perder a mãe ou um pai. Nos abraçamos e compartilhamos aquela dor enorme. Um
rombo no peito. Talvez a maior chance do Palestra ter mudado sua realidade.
Faltou ter tirado proveito dessa fase, pegado o embalo para alavancar o clube
nos anos seguintes”, diz Leandro Giudici, torcedor. Foi triste para todo mundo.
O clima no ônibus é claro que era de velório. Um
inconformismo latejante e que naquele dia terminou com uma cervejinha oferecida
pelo amigo do Palestra, Wanderley Salatiel. Mesmo assim, ainda houve espaço
para o riso. O motorista quase esqueceu um torcedor em Taubaté, iria ficar de
premio aos adversários.
Após o término da rodada, pelo Grupo 16 subiram Red Bull com
10 pontos e Taubaté com 8. Desportivo, também com 08 e Palestra São Bernardo
com 06 permaneceram mais um ano na Segunda Divisão. No Grupo 17 subiram Atlético Araçatuba (10) e
Lemense (09). Santacruzense (08) e Paulínia (07) ficaram no caminho.
Nas duas partidas finais deu Red Bull, que empatou em 1x1 e
venceu a segunda por 3x2 em casa.
O fim
da parceria
A maioria do elenco teve um futuro promissor. O técnico
Sandro Gaucho se tornaria algum tempo depois técnico do próprio Santo André. Em
2013 esteve no comando do Guaratinguetá. O jovem Kaue Berbel hoje é fisiologista
do Atlético Goianiense na Série B nacional.
O herói goleiro Willian teve passagem por vários clubes,
inclusive conquistando título com o Noroeste-SP. Passou em 2013, quem diria,
pelo próprio Taubaté , recentemente esteve no Coritiba e hoje está na China,
assim como também Júnior Urso que chegou a ser vice-campeão da Copa do Brasil com a
equipe contra o Palmeiras em 2012 e hoje também está no futebol chinês, mesmo
destino do lateral esquerdo Richard.
Júnior Urso (a esquerda) foi um dos grandes destaques do Coxa (Gazeta do Povo) |
Outros como o atacante Jerinha, ou Jé, como era chamado – e que
foi o terceiro artilheiro da Série B com 15 gols - estiveram no Comercial-SP. Pio,
que depois de ser vice-campeão paulista com o Santo André em 2010, atualmente
joga pela Portuguesa Santista, assim como Aloísio, reserva na época.
A parceria foi encerrada meses depois. O Palestra não
conseguiu cumprir todos os seus deveres, conforme havia combinado. Pesou também
o fator político e os casuais. O Santo André estava muito bem e todo aquele
elenco seria muito útil na equipe principal do clube. O time foi dispensado,
contratos encerrado, assim como aquele sonho, que é tão mínimo para alguns, mas
que para aquela torcida, louca, apaixonada, fiel e leal ao Palestra de São
Bernardo significava muito, quase tudo.
Uma torcida que nunca abandona... |
O Palestra disputou a mesma divisão em 2010, sem o mesmo
sucesso e em 2011, onde fez a pior campanha de sua história. Em 2012 se
licenciou e permanece até hoje assim.
Os anos passaram, os atletas passaram, assim como membros da
comissão e alguns diretores, mas o Palestra não. Jogou novamente, ganhou
novamente, perdeu, enfim. E todos levaram um pedacinho daquele dia como
lembrança, de um sonho que por muito pouco não foi realidade.